segunda-feira, 11 de abril de 2011

CARTA SOLIDÃO -1980 ( custou, mas hoje sou feliz com ela

Juazeiro, 14 de janeiro de 1980

Ressoam-me amargas no pensamento
(Não é de tristeza que escrevo lendo)
Aquelas palavras tão cruéis prá mim
Que você falou assim tão friamente
Fazendo dos meus lábios a cor fugir:
"Namoro com qualquer um, menos com ele"
Foram palavras para me matar
Fugir de mm todas as esperanças
Uma frase dura que me fez gelar.
Agora, neste quarto um tanto escuro
Ambiente propício aos que tem dor
Eu via alguém beijá-la falsamente
E tu correspondias...correspondias, amor.
Hoje, me despeço com um adeus simples
Porque nestas linhas não dá prá contar
A desesperança que tive da vida
Ao prender meu peito neste teu olhar.
Adeus, amor.

ESSA DOR

Ai, essa dor
Que me consome o peito
Que me faz perfeito
Me faz sofredor.
E chega de repente
Machucando a gente
Trazendo calor.

Ai, essa dor
Que sempre me entristece
Que Não me aborrece
Que me causa ardor.
Que chega tristemente
Arrebatando a mente
Sem maior fulgor.

Ai, essa dor
Que me aperta o peito
Que me tem despeito
Que se diz amor.
Que faz o meu ciume
Subir ao cume
Se sozinho estou.

JESUS AQUI (VERSO)

Jesus entrou aqui
E deixou tanta luz no seu passar
Que até mesmo as sombras,
Que eram só sombras
Estão também a brilhar.

SOMALIA (1992)

Óh, meu Deus, por que permite
Que sob o sol depositem
Cadáveres de filhos teus?...

Não Vês como dói a morte
Desses filhos tão sem sorte
Tão sofridos, óh, meu Deus?...

Não bastam a sede e a fome?
Não basta o sol torricante
Sobre os teus filhos zumbis?!

Por que agora essa guerra
A castigar essa tessa
A matar e a ferir?...

Quando o sol atina no horizonte
Dessa Região tão tórrida e cruel
Vejo um filho teu jogado ao léu, morrer...
Sair daquele inferno prá ganhar o céu.

CRIME HEDIONDO

As árvores balançavam
Os pássaros cantavam
Numa paz serena
De harmonia Santa.

A natureza era só vida
Sem nenhuma só ferida
Aquela paz retirar.
Foi quando num baque surdo
Um tiro ecoou no mundo
Fazendo tudo tremer.

E a avezinha, que antes cantava
No mais alto galho do tamarineiro,
Sentiu que as pernas lhe faltavam
As asas não lhe obedeciam
Viu ao redor escurecer.

         E caiu.

Do mais alto galho do tamarineiro
Um corpinho despencava inerte
Com o  olhar triste no céu
Como ao se perguntar:
"Meu Deus...por quê....por que, meu Deus?...

E ao chegar ao chão aquele corpinho
Cinco dedos gigantescos lhe apertaram o corpo
Mais cinco lhes despiram as penas
E lhe atiraram a cabeça fora.

Depois desse crime hediondo
O monstro humano saiu a sorrir,
A procurar mais vítimas
Para aplacar sua gana.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

AO PROFESSOR

Ah, quem dera
Chegar eu um dia a tu, mestre, e com carinho
Prostrar-me aos teus pés e te agradecer
Tudo que um dia tu me  destes
Pois me destes nova vida
Me ensinastes- a ler.

COMENTÁRIO EM VERSO

Existe um defeito em mim
Que é tão perfeito que nem sinto
parece ser qualidade
Ou algo muito parecido

BAGAÇO NEGRO DA CANA

Minha cidade cresceu
Tem uma usina de cana
Que toda metade do ano
Traz de fora gente estranha.

Gente humilde, gente simples
Gente esquálida e sofredora
Como animais são arrastadas
A canaviais com adutora.

Essa gente vem em busca
De uma melhora de vida
Na cabeça traz o sonho
Na sacola pouca roupa
E nenhum dinheiro prá tocar a vida.

A nova morada dessa gente
É imenso galpão tal qual senzala
Com centenas de redes atravessadas
Onde eles vão morar.

Os meses passam e nada muda
O dinheiro mal dá para o manter
Muitos trouxeram a família
Previam a sorte acontecer.

E quando a safra acaba
Essa gente é mandada embora
Sem casa e sem dinheiro
Ela fica a penar nesse meu Juazeiro.

Quando vier nova safra
Mais gente estranha virá
E minha cidade outra vez
Verá os pontilhões todos lotados.

POR MAIS QUE EU TENTE

Não consigo entender essa paixão que me devora
Por mais que eu tente me esconder prá não te ver...
Por mais que eu tente me conter prá te esquecer...
Por mais que eu tente não dá, Lúcia, e agora?!...

Você foi a fantasia que sonhei
E hoje, mesmo desiludido
Não consigo acordar prá realidade.

Mas hoje, eu te digo adeus, minha doce Lúcia
Porque não sei mais o que fazer prá te agradar
Nem sequer uma esperança mais me resta
Tenho que fugir de ti, preciso respirar.

VI DEUS

Eu vi Deus naquela flor
                 Chorando
                 Soluçando...
                 Com fome!

                 Vi Deus
                 A procura
                 Do doce
                 Do aroma
                 (Do mel que ele deixou)...

                Sim... vi Deus
                Em lágrimas
                    Triste
                Deprimido e...
                     Só!

               Estava em busca
          (do mel que ele deixou).

                        Mas

          A flor não tinha doce
              Sequer aroma
                 Só tinha
                   Dor.

REFLEXÃO NORDESTINA

Senhor,
Mais uma vez diante de ti
Depois da longa caminhada
Seu filho volta ao teu seio
Não achou paz na estrada.

Ele saiu de casa cedo
Colocou na mochila os pertences
Comeu um pedaço de pão
E disse "vou prá cidade
"Vou à cata de emprego
Como fizeram meus amigos".

E saiu pela estrada
Deixando um sitio falido.

Bateu em várias portas
Em todas foi maltratado:
"Tão novo e tão vagabundo"
"Vá trabalhar, seu safado".

Seu filho procurou firmas
Empresas de vários portes
Mas em todas foi barrado
E o azar venceu a sorte.

A fome e a doença o acudiram
O seu corpo ardeu em febre
E já, no último momento
Lembrando-se desta casa, sempre aberta,
Procurou guarida.

Senhor
Teu filho passou a noite aqui
Prostrado a teus pés
Guarnecido na tua segurança
Até raiar o dia.

Lágrimas lhe emolduraram as faces
Ao lembrar da vida de outrora
Da vida dificil no campo
Mas que nunca precisou
Estender a mão... pedir esmola.

CASTRO E EU

O poeta Castro Alves
amou Amélia e amou  Maria
Sofria por todas elas
Ai, meu Deus, como sofria
Mas só eu, só eu, Emílio
Namorar, ninguém queria.

O poeta Castro Alves
Em berros e altos brados
Defendia a negritude
O pobre negro enjaulado
Mas só eu, só eu Emílio
Sempre fui, assim...calado.

O poeta Castro Alves
Era Doutor, Advogado
Ganhou causas, lançou livros
Era todo iluminado
Mas só eu, só eu, Emílio
Não tive um verso comprado.

Mas somos da mesma pátria
E morremos do mesmo vício:
Ele morria de amores
E eu do mesmo feitiço.

POEMA DE PESCADOR

Meu amor, linda donzela
Em peixe se transformou
Nas água do São Francisco
A correnteza levou.

Ainda hoje a procuro
Entre os bancos de areia
Entre as rochas milenares
Entre redes que asteias.

Ela foi vista algum tempo
Cantando triste canção
E o rio apaixonado
Transbordou de emoção.

Dizem que quando ela canta
Entorpece o pescador
E é tão bela a melodia
Como o riso de uma flor.

Meu amor linda donzela
Em peixe se transformou
Nas águas do São Francisco
Em deusa se batizou.

Dizem que a donzela canta
Noite e madrugada adentro
Canta ao despontar do sol
Canta ao acordar do vento.

Ainda hoje a procuro
Cantando triste canção
Nos dedos levando rosas
No peito minha emoção.

Ela foi vista algum tempo
Pelos lados da Bahia
Solitária ela cantava
Solitária ela sorria
 E erguendo aos céus os braços
Reluzente se fazia.

O pescador que a visse
Nunca mais a esquecia
No rio ficava ele horas
Sem saber prá onde ia.

Eu não tinha esperanças
De mais encontrá-la um dia
E no céu contava estrelas
Vendo se a esquecia.

Ela surgiu de repente
Como desponta uma flor
No silêncio ribeirinho
Uma canção ela cantou.

Música celeste
Tal qual ela em minha frente
Seus olhos esverdeados
Fitavam-me diretamente.

Quando ela cantava eu chorava
Quando ela parava eu sorria...
Assim passou a noite
Assim raiou o dia.

 Foi sumindo água adentro
E meu peito suspirou
Por ver que tinha perdido
Para sempre o meu amor.

VOCÊ

Você é uma poesia assim, tão doce e triste
Que fico triste quando vou falar
Você é sinônimo - de amor - Tormento
Uma alegria que distante está.

Você é uma rosa em que doutor destino
Nenhum espinho nela fez nascer
É uma rosa - da criança - o riso
Para uma vida - mais que um bem querer.

Você surgiu assim...tão de repente
Foi tão amiga, tão doce o olhar
Que me senti perdido ternamente
No teu jeitinho doce de gostar.

Mas você hoje é apenas lembrança
Uma flor sintética em um jardim suspenso.
Em você não mais penso
Você hoje é apenas lembrança.

TRISTEZA

Tristeza de rara beleza
Tristeza de solidão
Tristeza chama infinita
Que punge meu coração.

Estou solitário nesta via
Tenho a tristeza como amiga
        Como guarda - uma canção.

O amor em mim insiste...resiste
                 por fim
            Tomba no chão.

Pálida, inerte
Arqueja ainda a solidão
Que leva entre os dentes a flor
              O mel da imaginação
Pousando viscoso e triste
O talo na minha mão.

Que fazer? Planta, irmão
Planta em um solo que sofre
Semeado em aflição
E talvez essa tristeza
Dê ao chão deste sertão
Aquela cor de violeta
Em que jaz o seu coração.

A tristeza habita as profundezas
Existe em qualquer local
                Qualquer irmão
Até em corações apaixonados
Mesmo em corações desesperados
Mesmo no meu coração.

AMOR E VIDA ( À minha esposa Lucia Helena C. Souza)

Aliei-me a ti, coração
Para que a minha vida
Esta minha triste vida
Não tenha mais solidão.

Sou um sonhador, e como tal
Fui buscar no infinito algo impossível:
                                              Você.

Hoje, partilhamos juntos a mesma vida
A mesma cama, as mesmas carícias...
                         As mesmas confidências.

Fiz de ti, a água que mata a minha sede
Minha sombra em dias de muito sol
Meu descanso em dias de cansaço, e
Minha Alegria nos momentos de tristeza.

Você, coração, é o "eu" que me faltava
O motivo da minha própria existência.

Junto  a ti, meu Deus me fez mais forte
E quando não houver
Mais luz no fim de túnel
Olharei teus olhos e prosseguirei, com fé e feliz,
                                                     Pois sei
Que nunca estarei sozinho.

E assim, quando passarem os momentos de tormento
E a luz então brilhar no firmamento
Darei graças aos céus, por tão lindo momento
E te abraçarei feliz, PORQUE TE AMO.

CRIANÇA

O riso de uma criança
Não se deve interromper
É a mãe felicidade
Brincando de bem querer.

O PROFETA

Sofri, passei fome e nem água
Dávam-me a beber.
Eu era um pobre homem
Homem pobre despido de poder.

Por todos os lugares que eu passava
Cães e homens me acuávam
Chamando-me de louco me apedrejavam
E eu sofria em silêncio, Jesus - por você.

Quando a febre em meu corpo batia renitente
E no meu peito o coração parava
A minha sombra então criava vida
E do meu corpo toda dor curava.

Velho e cansado da longa jornada
Assim seguia eu, pobre profeta:
Com uma cruz nas mãos, a bíblia aberta
Pregando um Deus de puro amor.

Assim se acabaram meus dias terrenos
E com meu Deus, Jesus me esperava
No paraíso dito e prometido
Todo o amor de Cristo me aguardava.

DORES DO MUNDO

Queria sentir aqui neste meu peito
Todas as dores que o mundo possa dar.
Queria sentir nas dores de Ruanda
Todas as facadas que possa levar.

Queria eu, ser a mulher degolada...
Queria sentir a dor da morte em mim.
Queria ser aquelas crianças indefesas
Jogadas ao rio para ganharem o fim.

Queria ser também o pai que se enforca
Por não suportar seu lar, que a fome invade...
Queria cair inocente na cadeia
E vezes mil morrer, sem liberdade.

Queria ser também aquele velho esquálido
Na sarjeta caído, jogado, sem lar
Abandonado pelo Estado e pela família
E que nem no asilo conseguiu lugar.

Tudo queria eu suportar, se fosse um deus
E nos meus ombros carregar toda desgraça
Mas sou apenas um ser sem expressão
Impotente às amarguras desta raça.

CONGRESSO DE MASOQUISTAS

É triste
Ver alguém comendo
E eu de cá, sem nada
Para mastigar...
Ver alguém bebendo
E eu sem nem água
Prá sede matar.

É triste
Ver alguém deitado
Em luxuosas camas
E eu aqui no frio
Sem nem um jornal
Para me agasalhar.

É triste
Ser discriminado
Por eu ser um pobre
por eu ser um negro
E não ter nem nada
Que eu possa comprar.

É triste
Ver neste Congresso
Homens que nos regem
A se digladiarem...
E como cães sarnentos
Pestes pestilentos
Vão se enriquecendo
Sem prá nós olhar.

É triste
Ver tantas aves de rapina
De gravata e roupas finas
Este Brasil Governar.

E eu, pelo vidro da janela
Daquela loja de eletrodomésticos
Via através da televisão
Covardia e malandragem
Decidindo os destinos
Deste Brasil nação.

E eu de cá, chorei de vergonha
Ódio e terror, pois eu
Não tinha um trabalho para trabalhar
Não tinha uma casa para morar
Não tinha comida prá me alimentar...
Não tinha nada!!!... Não era nada...

Era eu, apenas um dos reflexos
Deste Congresso de Masoquistas
Que através do voto
Colocamos lá.
Sim...sou só um reflexo
Destes anarquistas
Que estão fazendo
o Brasil desandar.

NADA DE MIM

Não sai nada de mim.
Nem um ai sofrido
Por um amor perdido
sairá de mim.

Tudo se fechou por dentro
Nem mesmo meu pensamento
Consegue de mim sair.

Sinto o corpo balançar
Como uma folha levada
Mas dentro não sinto nada
Nem um eco eu sinto lá.

E assim vou pela vida
Sofrendo sempre e a penar
Pois minha vida por dentro
Não sei onde foi parar.

Mas um dia, ao se encontrarem
Meu corpo e meu pensamento
Me lembrarei dos momentos
Que não pude registrar

DOR CHAMADA PAIXÃO

Deixe-me só
Com meus pobres sentimentos
Com minhas dores que me atormentam
Com minha louca ilusão.

Deixe-me por uns segundos
Com meu falso mundo
Com minha tristeza e solidão.

Deixe-me por uns momentos
No obscuro do tempo
Na tempestade dos ventos
Na minha agonia envão.

Deixe-me! Deixe-me só!
Somente a solidão
Preenche minha triste vida
Que neste dia se inclina
Na dor chamada paixão.

HELENA

Quando você passou por mim
Nem notou que os meus olhos
Te olhavam de um jeito especial:
Não sabiam se sorriam de alegria ao te ver
Ou choravam por não te pertencer.

Você nem notou no outro dia
Ao passar por mim sorrindo
O meu olhar entristecido
Em lágrimas se esvaindo
Ao não ser notado por você.

Mas notou dias depois
Meu coração endurecer
Não olhar mais pra você
Quando passavas por mim.

E ao perguntar o por que
Meu coração respondeu
Que meu olhar não olha o seu
Prá não poder mais sofrer...
E disse ainda um repente:
"o que os olhos não vêem
O coração também não sente".

PARTE DE MIM

Quando em ti penso
Sinto um vazio no meu ser
Uma tristeza tão grande
Parece que vou morrer.

TE AMO EM SILENCIO

Te amo em silêncio.
Um amor, que é mais que amor.
É uma paixão aguda
Que me consome o coração
Que ama em silêncio
E chora em silêncio
Lágrimas de dor.

É uma dor incontrolável
Uma agonia infinita
Em não poder te pertencer.

Pobre coração, como sofres.
Como é incompreendido
Em amar em silêncio
Em sofrer calado
Um amor amargo - não declarado,
Mas que vem de dentro
De um coração que explode
Em não poder expulsar o amor contido
Para um coração banido
Para um outro coração.

POESIA

O que é a poesia
Senão um dom divino da razão
É Deus que nos sopra na alma
Enquanto estamos de lápis na mão...
E as vezes o poeta chora, como agora
Porque vivencia a história
E sente as punhaladas que lhes dão.

terça-feira, 5 de abril de 2011

ONDE ANDAS TU

JESUS


Onde andas tu, filho de Maria
Que se foi feito em Espírito Santo
Que veio à terra para dar mais vida
Que eu procuro e nunca o encontro.

Onde andas tu, que foi doutor na vida
Sem nenhuma faculdade frequentar
Que com um toque, um olhar, fazia
Apodrecida ferida sarar.

Onde andas tu, falado em dialetos
Que é preto, é branco, é de toda cor...
Quero tocar suas mãos e ver se vejo
Aquelas marcas que o mundo deixou.

Quantos caminhos tortuosos
Eu transpús à tua procura
E neste meu caminho andado
Meu ser feriu-se em loucura.

Quero sentir o Cristo aqui por dentro
Neste meu peito que não tem calor
Quero sentir chegar por um momento
O doce açúcar, que aplaca a dor.

Quero sentir por sobre tua cabeça
O aro em Ouro que os santos tem...
Por isso grito retádo prá vida!
Por isso choro - porque nunca vens.

Quantos caminhos tortuosos
Eu transpús à tua procura
E neste meu caminho andado
Meu ser feriu-se em loucura.


Eu olho o pobre prá ver se te vejo
Eu olho o rico - ando a tua procura
Mas nesse pobre eu só vejo incerteza
E nesse rico eu não vejo candura.

Mande um sinal, uma carta, um retrato
Mande um aviso que se vai chegar
Que eu te espero em um ponto de encontro
Na praça, igreja ou na porta de um bar.
Eu só quero saber se você existe
Eu não duvido desse teu amor...
É que neste mundo de tanta estranheza
A incerteza em meu peito brotou.


MULHER



Deus caprichou na criação
Ao te fazer tão singela
Não existindo um ser no mundo
Que se compare a ti, tão bela.

POETA

Ai como é triste a poesia
Que fala do Coração
E debulha a ilusão
De uma vida tão vazia
Onde a dor e a saudade
Andam sempre em harmonia.

E a união é tanta
Da poesia e da dor
Que chora sempre o poeta
O beijo que não levou
Os lábios que nunca teve
A mulher que não amou.

E quanto mais segue na vida
Os burburinhos do mar
Mais se lembra das feridas
QUE não as tem, nem quer sarar
Pois leva sempre na vida
A dor que nunca terá.

Melancolia nos olhos
E a dor no coração
Fazer sempre do poeta
Planeta sem dimensão,
Um mártir do sofrimento
Uma flor, sem teto ou chão.