Minha cidade cresceu
Tem uma usina de cana
Que toda metade do ano
Traz de fora gente estranha.
Gente humilde, gente simples
Gente esquálida e sofredora
Como animais são arrastadas
A canaviais com adutora.
Essa gente vem em busca
De uma melhora de vida
Na cabeça traz o sonho
Na sacola pouca roupa
E nenhum dinheiro prá tocar a vida.
A nova morada dessa gente
É imenso galpão tal qual senzala
Com centenas de redes atravessadas
Onde eles vão morar.
Os meses passam e nada muda
O dinheiro mal dá para o manter
Muitos trouxeram a família
Previam a sorte acontecer.
E quando a safra acaba
Essa gente é mandada embora
Sem casa e sem dinheiro
Ela fica a penar nesse meu Juazeiro.
Quando vier nova safra
Mais gente estranha virá
E minha cidade outra vez
Verá os pontilhões todos lotados.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário