quarta-feira, 6 de abril de 2011

BAGAÇO NEGRO DA CANA

Minha cidade cresceu
Tem uma usina de cana
Que toda metade do ano
Traz de fora gente estranha.

Gente humilde, gente simples
Gente esquálida e sofredora
Como animais são arrastadas
A canaviais com adutora.

Essa gente vem em busca
De uma melhora de vida
Na cabeça traz o sonho
Na sacola pouca roupa
E nenhum dinheiro prá tocar a vida.

A nova morada dessa gente
É imenso galpão tal qual senzala
Com centenas de redes atravessadas
Onde eles vão morar.

Os meses passam e nada muda
O dinheiro mal dá para o manter
Muitos trouxeram a família
Previam a sorte acontecer.

E quando a safra acaba
Essa gente é mandada embora
Sem casa e sem dinheiro
Ela fica a penar nesse meu Juazeiro.

Quando vier nova safra
Mais gente estranha virá
E minha cidade outra vez
Verá os pontilhões todos lotados.

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